Esposa de homem carbonizado pela sogra foi morta após depoimento
Antes de ser encontrada morta, Thamiris disse à polícia que não ‘colocava a mão no fogo’ pela mãe, Iris Silva, suspeita do assassinato
A confeiteira Thamiris Silva, de 28 anos, esposa do motorista de aplicativo morto pela sogra em abril deste ano , foi encontrada morta dois dias após prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). De acordo com a polícia, o corpo da filha da cozinheira Iris Silva, suspeita da morte do motorista Raphael Galvão, foi encontrado no dia 6 de maio, na casa de uma tia, onde ela estava hospedada desde a morte do marido. A morte foi registrada na 62ªDP (Imbariê).
Após o crime, Thamiris prestou depoimentos em 25 de abril e, depois, em 4 de maio, dois dias antes de ser encontrada morta. No último depoimento — prestado após o levantamento das imagens de câmeras de segurança do posto de gasolina onde Iris comprou o combustível — ela chegou a admitir a possibilidade da participação de sua mãe no crime, e disse que não “colocaria a mão no fogo” por Iris, que, de acordo com a filha, não era a favor do relacionamento, que já tinha 15 anos.
Nos depoimentos, Thamiris diz, ainda, que conversou com outros motoristas de aplicativo conhecidos de Raphael, e eles relataram ter visto o carro da vítima passando por um bar. Ainda segundo as informações, um homem “gordinho” e uma mulher com tranças até a cintura perguntaram, no estabelecimento, onde ficava o campo do Fluminense. O casal, de acordo com os relatos, retornaram a pé em direção a Santa Cruz da Serra.
A defesa da cozinheira Iris Silva, de 49 anos — suspeita de matar o genro em abril deste ano — afirmou que ela participou da ocultação do cadáver, na noite do crime. A alegação está no Requerimento de Revogação de Prisão Temporária enviado pelos advogados de Iris em 19 de maio. De acordo com as informações do documento, ela não teve participação na morte do motorista de aplicativo.
O requerimento cita, ainda, o laudo de necrópsia emitido após a descoberta do corpo no porta-malas do veículo. O exame citado diz que há probabilidade do corpo de Raphael ter sido carbonizado após a morte, devido à ausência de fuligem na árvore respiratória (parte do sistema respiratório).
“Conforme restará comprovado ao longo das investigações, a acusada não teve qualquer participação na morte de Raphael Galvão de Melo, tendo auxiliado tão somente na ocultação do cadáver. O laudo de necrópsia juntado aos autos é claro ao afirmar que a vítima já se encontrava morta quando o veículo foi incendiado”, diz o trecho do requerimento enviado pela defesa.
O carro que Raphael utilizava para trabalhar pertencia ao cunhado dele, marido da irmã. Após o mapeamento do itinerário final do veículo, foi observado que ele parou em um posto de gasolina na Rodovia Washington Luiz, em Santa Cruz da Serra. Imagens extraídas das câmeras de segurança do posto mostram uma mulher desembarcando do carro . Segundo a irmã da vítima, tratava-se da sogra de Raphael.
Suspeita já envenenou vizinha
Iris Silva também responde a outro processo por tentativa de homicídio qualificado. De acordo com a investigação, encerrada em 2018, ela ofereceu bolo de batata com chumbinho a uma vizinha no ano de 2008, para se livrar de dívidas acumuladas com a mulher. A vítima, no entanto, acabou sobrevivendo.
Segundo depoimento da vizinha envenenada, identificada como Maria Solange Azevedo, Iris teria chegado em sua casa, em Olaria, com dois pedaços de bolo de batata. Um deles foi oferecido a Maria, e o outro à sua filha. A vítima contou que não queria experimentar, mas foi pressionada por Iris para que comesse “apenas um pedaço”.